Migrantes: Machete diz que o muro de Viktor Orban "não é simpático"
O ministro português dos Negócios Estrangeiros condenou hoje a solução encontrada pelo governo húngaro para travar a entrada de migrantes no país. Para Rui Machete, a construção de um muro de arame farpado vai trazer outro "problemas" e "não é simpático do ponto de vista simbólico". O governante defende que os migrantes que entraram em solo húngaro também devem ser considerandos num sistema de acolhimento por outros países da União Europeia.
"A Hungria e outros países da Europa de leste têm um problema similar ao que existe em Itália e na Grécia", considerou o governante, dizendo que a única diferença é o facto que não envolverem "os desastres" que acontecem no mediterrâneo e que "têm despertado a atenção da opinião pública".
Mas o ministro português condena "a construção do muro", que o governo de Viktor Orban ordenou construir, para conter a entrada migrantes no país, nomeadamente pela fronteira sul, onde até 30 de novembro deverá estar construída uma barreira de arame farpado, com quatro metros de altura, ao longo de 175 quilómetros.
"A construção douro que a Hungria está a fazer, junto à fronteira com a Sérvia, merece o desagrado dos restantes colegas", disse o ministros português, referindo-se aos chefes da diplomacia de outros países da União Europeia. No entanto, a UE "reconhece que a Hungria - e outros Estados, como a Sérvia - têm um problema, que importa, obviamente resolver".
A Comissão Europeia considera que "é da responsabilidade [cada um] dos Estados-Membros protegerem as suas próprias fronteiras". Mas, em Bruxelas, a iniciativa levada a cabo pelo governo de Viktor Orban, a quem Jean-Claude Juncker já chamou pessoalmente, em tom irónico, "ditador", não é bem acolhida.
"Nós sempre pensamos que construir cercas, talvez não seja compatível com os ideais e valores europeus", afirmou hoje o porta-voz da Comissão Europeia, Margaritis Schinas, questionado pelo DN/JN/Dinheiro Vivo, reflectido o pensamento do presidente Jean-Claude Juncker.
Por sua vez, o ministro Rui Machete entende que a construção da barreira de arame farpado vai provocar "um refluxo dos migrantes que não podem passar [para a Hungria] porque o muro não deixa. E, isso vai reflectir-se nos países que estão antes da Hungria, para quem vem das pelas fronteiras orientais da Europa".
Machete considerou a ideia do governo húngaro "faz lembrar o muro de Berlim, o que não é simpático do ponto de vista simbólico". Por isso, sugere que seja encontrada uma solução semelhante à que está a ser adoptada, por Bruxelas, para a Itália e para a Grécia.
A Comissão Europeia propôs recentemente - a 27 de Maio - que seja criado um sistema de cotas obrigatórias, para o acolhimento de migrantes, noutros países da UE, de 40 mil migrantes oriundos da Síria e da Eritreia que conseguiram chegar à Grécia e a Itália. Mas, este sistema foi rejeitado.
Entretanto, dois países já anunciaram voluntariamente o número de migrantes que pretendem acolher. De acordo com o jornal online euobserver, a Letónia propõem-se a receber 250 migrantes. Já a Irlanda está disposta a acolher 600 migrantes.